quarta-feira, 15 de agosto de 2018
O autista e a quebra de rotina.
Logo que tive o diagnóstico de João e comecei a ler sobre autismo, nunca poderia imaginar o quanto a rotina é importante pra quem está no espectro autista, e isso é algo que só com o tempo que a gente começa a perceber mais nitidamente. Neste domingo sai pra casa de um amigo pra passar o dia, e pensem num dia comprido e complicado. João não se alimentou bem, não conseguia ficar normalmente na casa, toda hora pedia colo. Olhava pra casa, pras pessoas em volta e chorava inconsolável, parecia assustado e por mais que a pessoa de referência dele que sou eu estivesse perto, abraçando , conversando, o olhar dele só me transmitia medo, angústia e muitas vezes me senti uma estranha pra ele. É uma sensação tão difícil de descrever. É como se eu não passasse a segurança que ele precisa pra se sentir protegido e em paz num ambiente diferente do seu quarto. Confesso que fiquei bem triste, mas não vou me intimidar com isso. Já comprei uma barraquinha pra inserir aqui no quarto dele, ela é bem compacta. Quando sairmos pra uma casa diferente, vou levar junto a alguns brinquedos pra tentar fazer com q ele sinta q levou um pedacinho do quarto. Não sei se vai funcionar, mas tenho q tentar, alguém pode então perguntar : vai ser o tempo todo assim? Claro que não. Mas essa fase não verbal é complexa demais, não tem como tentar resolver conversando pq ele não entende absolutamente nada, e quando eu falo nada, é nada mesmo, agora mesmo ele tá aqui pulando na cama prestes a cair e eu falo sério, zangada pedindo pra ele parar e ele cai na gargalhada. Então haja paciência e criatividade pra tentar não causar tanto sofrimento pra ele e pra mim, todas as vezes que precisarmos quebrar a rotina. Nada no autismo é fácil, mas tudo é possível onde existe amor.
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